Caminhada em Aparecida comemora o Dia da Luta Antimanicomial e pede apoio à saúde mental

A mobilização reuniu profissionais da Saúde Mental, usuários e seus familiares e ressaltou a importância de uma atenção humanizada, digna e inclusiva para as pessoas com transtornos mentais

Da Redação
19/05/2022 - 09:34
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Caminhada em Aparecida comemora o Dia da Luta Antimanicomial e pede apoio à saúde mental

A mobilização reuniu profissionais da Saúde Mental, usuários e seus familiares e ressaltou a importância de uma atenção humanizada, digna e inclusiva para as pessoas com transtornos mentais

Para destacar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, movimento iniciado no Brasil na década de 1970 e celebrado em 18 de maio, a coordenadoria de Saúde Mental da Secretaria de Saúde (SMS) de Aparecida promoveu, na manhã desta quarta-feira, 18, uma caminhada que reuniu profissionais da pasta, usuários e familiares percorrendo ruas da cidade desde o Aparecida Shopping até a Praça da Igreja Matriz, no Centro da cidade.

A mobilização já é tradicional no município, está em sua terceira edição e foi retomada em 2022 após dois anos sem ser realizada por causa da pandemia. No fim do percurso, na Praça Matriz, os participantes tiveram atividades de musicoterapia, roda de capoeira, zumba e auriculoterapia (Terapia natural de estimulação de pontos nas orelhas, semelhante à acupuntura).

Data para celebrar e refletir

O chefe de Atenção à População de Rua da coordenadoria de Saúde Mental, o psicólogo Mayk da Glória, ressalta a importância da mobilização para a sociedade e disse que “evoluímos no processo de tratamento dos pacientes, mas ainda temos, até hoje, denúncias de locais que não respeitam as diretrizes que regem a atenção prestada às pessoas com transtornos mentais decorrentes ou não do uso de álcool e outras drogas. É importante que quem souber desses casos denuncie à Polícia ou ao Ministério Público. Então celebramos aqui uma data comemorativa, mas que também é destinada à reflexão sobre os modos de exclusão e sofrimento que a sociedade impõe a essas pessoas”.

Rede de excelência

Mayk da Glória ainda informa que Aparecida tem uma das melhores redes de Saúde Mental do Centro-Oeste brasileiro: “Temos 4 centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo que 3 deles funcionam 24h e sete dias por semana, temos emergência psiquiátrica na UPA Flamboyant e temos o Núcleo de Cuidados em Saúde Mental que é um ambulatório com atendimento psiquiátrico e psicológico que atende mais de 10 mil pessoas no município”.

Pacientes e profissionais de saúde fazem manifestação pela valorização dos Caps – Fotos: Enio Medeiros

Como receber tratamento

Em Aparecida, quem precisar de atendimento em Saúde Mental pode ir nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) ou diretamente nos CAPS. Estes são unidades de “porta aberta”, sem necessidade de encaminhamentos, e que acolhem novos usuários de segunda a sexta-feira das 7h até as 17h. Nos CAPS há pessoal especializado preparado para receber os pacientes e seus familiares e dar os devidos encaminhamentos e orientações.

Histórias de superação e esperança

Joaquim, o marido de Urânia Costa da Silva, é atendido no CAPS Bem-Me-Quer, unidade que atende a adultos com transtornos mentais graves e persistentes e realiza acompanhamento familiar. Ela conta que ele tinha crises de medo tão fortes que “nem abria o portão da casa, mas, com o tratamento, está frequentando uma academia há 5 meses, vai e volta sozinho, é um progresso muito grande. Sem o CAPS, pessoas como ele não melhoram porque precisam de ajuda, por isso só tenho a agradecer. Ele nunca precisou ficar internado, o CAPS fornece os remédios e vamos lá para oficinas e encontros. É muito bom para nós”.

 

Patrick Rik Santos é usuário do CAPS Bem-me-Quer desde a adolescência e faz questão de declarar que a vida dele melhorou com o tratamento: “Tomo os remédios corretamente e sou bem acolhido no CAPS, gosto muito de lá”. Outro paciente que elogia enfaticamente a unidade é Márcio Caetano de Souza, usuário do CAPS há mais de uma década e que já vivenciou o horror de algumas práticas do passado: “Antes do CAPS eu passei por várias clínicas, minha vida era estar amarrado e constantemente dopado. Aí, quando vim para o CAPS melhorei demais, eu converso, falo dos meus problemas, me envolvo com as pessoas, tomo os remédios e sou muito bem tratado”.

Luciana Silva Lopes, usuária do CAPS AD III, destinado a adultos e seus familiares em situações de abuso de álcool e outras drogas, relata que chegou em Aparecida em 2018 vinda do Maranhão e logo procurou a unidade: “Fui muito bem acolhida, já são 5 anos me tratando lá e o atendimento é ótimo. Tenho histórico com álcool e meu tratamento é para a vida inteira, não posso parar. Hoje já me sinto melhor, tanto com a sociedade quanto com meus familiares, sou apoiada e digo que minha segunda família é o CAPS AD”.

Luta Antimanicomial

No Brasil, 18 de maio é o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data criada em 1987 na cidade de Bauru (SP) durante o Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental. Com o objetivo de expandir o debate e mudar a concepção da loucura e da Saúde Mental, o movimento foi fundado sob o lema “por uma sociedade sem manicômios” e luta pela promoção da autonomia e cidadania dos pacientes e para que não se repitam práticas do passado como eletrochoque, encarceramento e lobotomia.