Rússia retoma negociações de paz com a Ucrânia, mas não abre mão da Criméia e do Donbass

Da Redação
29/03/2022 - 20:18
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Rússia retoma negociações de paz com a Ucrânia, mas não abre mão da Criméia e do Donbass

Nesta terça-feira (29), foi realizada a mais recente rodada de negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, em Istambul, na Turquia, com a participação do próprio presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

A Ucrânia apresentou uma proposta escrita para um eventual tratado de paz entre os dois países, de acordo com o chefe da equipe de negociação da Rússia, Vladimir Medinsky. Ele disse à imprensa após a reunião que a proposta ucraniana é “substantiva” e que será agora examinada pelo presidente Vladimir Putin. As negociações devem prosseguir nesta quarta (30).

De acordo com o site Russia Today (RT), um dos principais destaques da rodada, com “efeito prático imediato” das negociações, será a redução das atividades militares em alguns locais da Ucrânia. Foi enfatizada a proposta de a Rússia reduzir “dramaticamente” as operações perto das cidades de Chernigov e da capital, Kiev. “Não se trata de um cessar-fogo, mas sim de nosso objetivo de reduzir a escalada do conflito, pelo menos nessas áreas”, explicou Medinsky.

Segundo o negociador russo, a Ucrânia se compromete a não aderir a nenhuma aliança militar, não ter bases militares próprias ou abrigar estrangeiras. Kiev também teria se comprometido a não tentar obter armas de destruição em massa, incluindo armas nucleares. Em troca, a Rússia não se oporia à entrada da Ucrânia na União Europeia. “A Ucrânia desiste da adesão a alianças militares, da implantação de bases militares estrangeiras, de contingentes, da organização de manobras militares no território ucraniano sem aprovação dos Estados garantidores, inclusive da Federação da Rússia”, afirmou Vladimir Medinsky, segundo o site Sputnik Brasil.

Em termos

O chefe da equipe de negociação da Ucrânia, David Arakhamia, afirmou que seu país quer uma garantia de segurança pela qual Rússia, Reino Unido, China, Estados Unidos e França (os membros do Conselho de Segurança da ONU) sejam uma espécie de fiadores, mas que também Turquia, Canadá, Itália, Polônia e Israel participassem desta garantia.

Segundo o RT, Moscou concorda em organizar uma reunião entre Putin e seu colega ucraniano Volodymyr Zelensky, como parte da fase final das negociações sobre o futuro tratado de paz. A realização de uma cúpula o mais rápido possível aceleraria a resolução, acredita Medinsky.

O chefe da negociação de Moscou destacou que não se obriga a adotar a redação ucraniana na versão final de qualquer tratado de paz.

Donetsk, Luhansk e Crimeia

Segundo Medinsky, Kiev se comprometeu ainda a não usar a força militar para restaurar sua soberania sobre as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk. Porém, essa questão não está clara, pois a Ucrânia não declarou se desistiria dos territórios pró-russos que querem sua independência de Kiev.

Pelo contrário, Arakhamia, o chefe da delegação ucraniana, teria destacado que seu país quer a soberania sobre todo o território da Ucrânia na declaração de independência em 1991, dizendo que não poderia haver compromisso nesse ponto. .

Para a Rússia, a Crimeia (no sul ucraniano) é parte de seu território, cultural e historicamente. Kiev deve reconhecer essa condição. A Rússia anexou a Crimeia após o violento golpe que derrubou o presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovich em 2014.

Vladimir Putin anunciou unilateralmente, dias antes de invadir a Ucrânia, que reconhecia as repúblicas populares de Donetsk e Luhansk – a leste – como estados soberanos e independentes de Kiev. A guerra civil nessa região já matou 14 mil pessoas.

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Com informações da RBA e do Rússia Today