Pesquisa feita pela prefeitura mostra caso de reinfecção pelo coronavírus

Da Redação
26/04/2021 - 18:49
  • Compartilhe no Facebook
  • Compartilhe no Twitter
  • Compartilhe no Linkedin
  • Compartilhe no Telegram
  • Compartilhe no WhatsApp

Pesquisa feita pela prefeitura mostra caso de reinfecção pelo coronavírus

Município está realizando sequenciamento de rotina do vírus Sars-CoV-2. Programa é a maior estratégia de Vigilância Genômica já realizada em cidades brasileiras

No Brasil, dos 14 casos comprovados de reinfecção pelo vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, três foram identificados em Aparecida de Goiânia, por meio do trabalho de sequenciamento genômico de rotina realizado no município. As análises dos casos de reinfecção foram encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que atestou as ocorrências na última sexta-feira, 23. Os casos referem-se a pacientes que realizaram o exame RT-PCR e testaram positivo para a Covid-19 em duas ocasiões diferentes, dentro de um intervalo de mais de 90 dias. Dois deles foram reinfectados pela linhagem P.1, conhecida como variante de Manaus.

A comprovação só foi possível mediante os investimentos realizados pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia, que no início deste mês lançou um programa próprio de Sequenciamento Genômico. A iniciativa é maior estratégia de Vigilância Genômica já realizada em uma cidade brasileira. “Há um ano realizamos testagem em massa por meio do RT-PCR, com mais de 250 mil exames padrão ouro realizados na cidade. Todas as amostras de material coletadas para realização do exame que tiveram resultado positivo para a Covid estão armazenadas. É um banco de dados muito rico, que se bem aproveitado e estudado tem potencial de nos ajudar a entender melhor a dinâmica de evolução e dispersão do vírus. Por isso, investimos na contratação de parceiros que dispusessem de tecnologia e equipe treinada para a realização do sequenciamento”, explica o secretário Municipal de Saúde, Alessandro Magalhães.

De acordo com ele, até o momento, a Prefeitura analisou, em parceria com o laboratório contratado, 97 amostras de pacientes que testaram positivo para a doença, seguindo três critérios: material de pessoas com suspeita de reinfecção, isto é, com dois RT-PCR positivos em um intervalo superior a 90 dias, e com carga viral suficiente para realizar o processamento; material de pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que ficaram internados na UTI do Hospital Municipal de Aparecida (Hmap); e material de pacientes aleatórios, agrupados por semana epidemiológica. “Nossa expectativa é que em breve possamos realizar 150 sequenciamentos genômicos do Sars-CoV-2 por mês”, completa. Antes do Programa Municipal, Aparecida já havia contribuído com análises de sequenciamento, encaminhando 29 amostras à Fiocruz.

Resultados das análises

Das 97 amostras analisadas, 46 foram coletadas no ano passado e 51 em 2021. “Enquanto nos materiais analisados de 2020 não identificamos nenhuma variante considerada de preocupação, nas amostras deste ano, 58,8% foram das linhagens P.1 e 3,9% da B.1.1.7., originária no Reino Unido. Além disso, dos 22 pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que desenvolveram formas graves e precisaram de internação em UTI, 19 foram infectados por essas duas variantes, que juntas foram responsáveis pela contaminação de 86,3% dos pacientes desse grupo estudado”, explica a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da Secretaria de Saúde de Aparecida, Érika Lopes, responsável também pelo Programa de Sequenciamento Genômico.

Sobre o perfil dos três pacientes com reinfecção comprovada, a diretora explica que o primeiro caso trata-se de um homem de 60 anos, hipertenso, assintomático no primeiro episódio e que 94 dias depois testou positivo mais uma vez para a Covid-19. Já o segundo caso refere-se a uma mulher de 25 anos, com bronquite, que se reinfectou em um intervalo de 188 dias. E o terceiro caso é de um homem de 25 anos, sem comorbidades, que se infectou novamente 225 dias depois. Segundo Érika Lopes, esses dois últimos relataram sintomas mais leves na segunda vez que manifestaram a doença e ambos foram reinfectados pela variante P.1.

“É preciso esclarecer que enquanto o Sars-CoV-2 estiver circulando, infectando e reinfectando pessoas, ele sofre mutações. Esse é um processo natural da replicação do vírus. Algumas dessas mutações podem garantir um maior poder de adaptação, gerando novas linhagens mais infectantes, letais ou com escape imunológico. Por isso, é importante identificar e monitorar as variantes em circulação. A reinfecção não é um evento raro, mas com a baixa escala de sequenciamento genético realizado no Brasil, pouco ainda se sabe. Porém, com os dados em mãos, podemos relacioná-los com as informações epidemiológicas dos pacientes e assim entender melhor a dinâmica de evolução e dispersão do vírus”, completa a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde de Aparecida de Goiânia.