Ministro do STF critica Copa América no Brasil

Da Redação
01/06/2021 - 06:51
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Ministro do STF critica Copa América no Brasil

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), é contrário à realização da Copa América no Brasil. A Conmebol anunciou que o torneio será realizado no país, após desistências da Colômbia e da Argentina. “Não podemos fazer de conta que os dias atuais são dias normais. Não são. A melhor vacina ainda é o isolamento. Como haverá isolamento se virão pessoas de fora? Como fica também a frequência nos estádios?”, questiona. “Que estou preocupado, estou.”

Amante do futebol e flamenguista, o ministro classifica como “problemático” realizar o torneio no país hoje. “Estamos vivenciando dias péssimos, com 460 mil mortes pela pandemia”, diz. “Uma coisa é um campeonato aqui, nacional, em que não recebemos gente de fora. Estamos no Brasil, e aí não se tem torcedores nos estádios. Outra coisa é realizar uma Copa América, em que há uma circulação de pessoas muito grande, vindas de outros países. Isso é que preocupa. Creio que se devia adiar, tanto que a Argentina recusou-se a realizar o torneio.”

O ministro do STF destaca que não pode se pronunciar sobre eventuais ações ajuizadas na Corte sobre o caso por não conhecer o teor das argumentações. “Não serei o relator porque, nos 60 dias anteriores à aposentadoria, não se recebe processos novos. Tenho que aguardar. Mas que preocupa, preocupa”, disse à RBA, enquanto fazia exercícios de bicicleta. “Sentado e em casa”, destacou. Marco Aurélio – hoje o decano do STF – marcou sua aposentadoria para 5 de julho deste ano.

O ministro do Interior da Argentina, Eduardo Pedro, justificou a posição de seu país afirmando que, “sendo coerentes com o cuidado da saúde, vemos que é muito difícil que se jogue a Copa América”. A Argentina passa por momento difícil no enfrentamento à pandemia. Na quinta-feira passada (27), o país registrou número recorde de novos casos (41.080) de covid-19. Com 45 milhões de habitantes, a Argentina registrou 3,8 milhões de infecções e 78 mil mortos.

Ação no STF

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), informou nas redes sociais que o partido vai acionar o STF contra a realização dos jogos no país da “Copa da Morte”, como ela define, no país. Estou entrando na Justiça contra a realização da Copa América no Brasil. Um absurdo! Trago mais informações ao longo do dia. Em sua conta no Twietter, o deputado Júlio Delgado também anunciou que está entrando na Justiça contra a competição em território nacional. “Um absurdo!”, escreveu.

Ex-presidente da OAB-RJ e ex-deputado federal, Wadih Damous afirma que o “Judiciário tem de proibir esse torneio macabro em território nacional”. Para o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), “governadores que se dizem defensores da vida e da ciência não podem concordar com a realização da Copa América em seus estados”.

O governo do estado de Pernambuco se recusou a sediar a Copa América, mesmo ainda não tendo sido procurado oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O governo de São Paulo, em nota, afirmou que não se opõe “desde que os protocolos do Plano São Paulo sejam obedecidos”. O governo da Bahia informou que, se for sede, não irá flexibilizar regras e o público nos estádios não serão permitidos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou considerar a competição no estádio algo “inoportuno”. “Não é prudente”, resumiu o governador de Minas, Romeu Zema.

Não confirmada

Após a tarde de intensa onda contrária ao anúncio da transferência da Copa América para o Brasil, no início da noite o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos entrou no jogo. Ele afirmou que o país sediar o torneio é ainda tratado como “uma possibilidade” que está em processo de negociação.

Segundo o ministro, a definição é esperada para amanhã (1º). Ele disse ainda que o país só vai acolher o evento se houver condições para isso. “Ainda não tem nada certo, quero pontuar de uma forma bem clara, estamos no meio do processo, mas não vamos nos furtar a uma demanda caso seja possível de atender”, disse, em rápido pronunciamento no Palácio do Planalto.