Força e massa muscular podem ajudar a prever tempo de internação por covid-19

Da Redação
17/04/2021 - 08:14
  • Compartilhe no Facebook
  • Compartilhe no Twitter
  • Compartilhe no Linkedin
  • Compartilhe no Telegram
  • Compartilhe no WhatsApp

Força e massa muscular podem ajudar a prever tempo de internação por covid-19

Esses indicadores podem orientar o cuidado preventivo com indivíduos mais vulneráveis e na reabilitação de sobreviventes com sequelas da doença

Por Maria Fernanda Ziegler/Agência Fapesp

Estudo avalia que pacientes com covid-19 tendem a permanecer menos tempo internados quando têm mais força e massa muscular – Arte de Lívia Magalhães sobre imagens de Pixabay e Flaticon

Estudo realizado por pesquisadores da USP avaliou 186 indivíduos hospitalizados com covid-19 moderada ou grave e identificou que aqueles que tinham mais força e massa muscular tendiam a permanecer menos tempo internados. Os resultados, portanto, sugerem que esses indicadores podem ajudar a prever o tempo de internação pela doença.

“Eles podem ser úteis para um trabalho preventivo com indivíduos com maior risco de agravamento, ao mesmo tempo que indicam onde haverá uma possível necessidade de atenção no manejo dos sobreviventes com sequelas da covid-19. Isso significa tornar indivíduos com menos massa e força muscular e, portanto, mais vulneráveis, mais aptos a enfrentarem uma potencial internação. Quanto menores a força e a massa muscular, maior é a chance de o indivíduo ter complicações. Isso pode ser generalizado para uma série de condições, e agora mostramos ser potencialmente válido também para a covid-19”, afirma Hamilton Roschel, autor do estudo e um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e da Faculdade de Medicina (FMUSP).

Os dados completos da pesquisa, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram divulgados na plataforma medRxiv, em artigo ainda sem revisão por pares.

“Quanto menores a força e a massa muscular, maior é a chance de o indivíduo ter complicações. Isso pode ser generalizado para uma série de condições, e agora mostramos ser potencialmente válido também para a covid-19.”

No estudo, os pesquisadores mediram a força muscular dos pacientes assim que eles deram entrada no hospital, por meio de um equipamento que mede a força de preensão manual (medida que tem uma boa correlação com força global). Para aferir a massa muscular, foi utilizado um aparelho de ultrassom. A partir da imagem do músculo, mediu-se sua área de secção transversa.

Dos 186 pacientes analisados, aqueles que tinham mais força e massa muscular tendiam a permanecer menos tempo internados – Foto: Saúde/Governo do Tocantins

Envelhecimento e condições crônicas, como diabete tipo 2, são fatores que aumentam o risco de desenvolver formas graves de covid-19. No entanto, ressaltam os pesquisadores, indivíduos jovens e aparentemente mais saudáveis também podem precisar de hospitalização e até mesmo virem a óbito por causa da doença. “Isso sugere a existência de características clínicas ainda desconhecidas associadas ao prognóstico de covid-19. Parâmetros de força e massa muscular são potenciais candidatos para isso”, diz.

O músculo esquelético constitui cerca de 40% da massa corporal total de uma pessoa e tem papel importante em diferentes processos fisiológicos, como resposta imunológica, regulação dos níveis de glicose, síntese de proteínas e metabolismo. Estudos anteriores já haviam apontado a força e a massa muscular como preditores para tempo de internação no geral, o que foi confirmado pelos pesquisadores da USP também para casos de covid-19.

“Não estamos sugerindo, no entanto, usar essas medidas em detrimento de outros marcadores bioquímicos já consagrados para o prognóstico da doença, como saturação e proteína C reativa, entre outros. A informação de massa e força muscular será ainda mais importante para tratar os sobreviventes, que podem apresentar sequelas”, afirma Roschel.

Reabilitação de sobreviventes
A recuperação de pacientes que sobreviveram à covid-19 e desenvolveram uma grande variedade de sequelas é um problema que desponta entre tantos causados pela pandemia. Segundo especialistas, a sindemia – como tem sido chamada a pandemia de síndrome pós-covid que se anuncia – também representará uma carga grande ao sistema de saúde.