Dolarização dos combustíveis faz inflação disparar e o povo ficar mais pobre

Da Redação
28/11/2021 - 05:06
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Dolarização dos combustíveis faz inflação disparar e o povo ficar mais pobre

A desordem econômica promovida pelo desgoverno Bolsonaro faz o país retroceder décadas no combate à inflação. Divulgado nesta quinta-feira (25), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou alta de 1,17% em novembro. Essa variação é a maior para o mês desde 2002, quando FHC perdeu o controle sobre a carestia e o índice chegou a 2,08%. O indicador é considerado a prévia da inflação.

Embora o número seja 0,03 ponto percentual (pp) abaixo da taxa registrada em outubro (1,20%), o acumulado no ano (9,57%) chegou à fronteira dos dois dígitos, marca já batida no acumulado em 12 meses – 10,73%, acima dos 10,34% registrados no período anterior. Em novembro de 2020, a taxa havia sido de 0,81%.

Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em novembro, mas a dolarização dos preços administrados pela Petrobras, mais uma vez, foi o principal “combustível” da carestia. Além dos impactos diretos dos reajustes nas refinarias, ainda há os indiretos sobre os custos de toda a cadeia produtiva nacional.

A maior variação (2,89%) e o maior impacto (0,61 pp) sobre o IPCA-15 vieram dos Transportes. Em seguida, vieram Habitação (1,06%) e Saúde e cuidados pessoais (0,80%), com impactos de 0,17 pp e 0,10 pp. Juntos, os três grupos contribuíram com 0,88 pp no índice de novembro, o equivalente a cerca de 75% do total.

O resultado dos Transportes (2,89%) foi influenciado, principalmente, pela alta nos preços da gasolina (6,62%), o maior impacto individual do mês (0,40 pp). No ano, o combustível acumula alta de 44,83% e, em 12 meses, de 48,00%. Também houve altas nos preços do óleo diesel (8,23%), do etanol (7,08%) e do gás veicular (2,59%).

Ainda em Transportes, os preços dos automóveis novos (1,92%) e usados (1,91%) seguem em alta, assim como os das motocicletas (1,26%). Outro destaque foi transportes por aplicativo (16,23%), vítimas diretas da dolarização dos preços da Petrobras, que já haviam subido 11,60% em outubro.

Sintomaticamente, no grupo Habitação (1,06%), a maior contribuição foi do gás de botijão (4,34%), cujos preços subiram pelo 18° mês consecutivo, acumulando 51,05% de alta no período iniciado em junho de 2020. Também em Habitação, a alta do gás encanado (0,88%) é consequência do reajuste de 6,90% nas tarifas no Rio de Janeiro (2,78%).

A energia elétrica (0,93%) teve variação menor que a de outubro (3,91%) e contribuiu com 0,05 pp no índice do mês. Desde setembro, está em vigor a bandeira tarifária Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

Todas as áreas pesquisadas apresentaram alta em novembro. A maior variação foi a de Goiânia (1,86%), com resultado puxado pela energia elétrica (10,93%) e pela gasolina (5,87%). O menor resultado ocorreu na região metropolitana de Belém (0,76%), onde houve queda nos preços da energia elétrica (-2,05%) e do açaí (-9,30%).

Problema mundial, inflação é pior na América Latina e, particularmente, no Brasil

Agência de notícias norte-americana destinada ao mercado financeiro, a Bloomberg emitiu esta semana um relatório sobre “a inflação mais alta do mundo”: a latino-americana. “Enquanto a região emerge da pior crise econômica em dois séculos, também enfrenta um cenário de baixo crescimento e inflação acelerada”, diz a matéria, apontando a inflação anual do Brasil (10,7%) como a segunda mais alta da região.

Conforme a reportagem, grandes bancos de Wall Street projetam que o custo médio de vida na América Latina encerre o ano acima de 10%, o maior índice global. Também preveem que a pressão sobre os preços ao consumidor se estenderá ao longo de 2022.

A projeção do Citigroup para a região (10,6%) é acompanhada pelo Morgan Stanley, que vê inflação acima de 10%. A mediana das projeções de economistas consultados pela Bloomberg aponta para uma inflação média de 11,9% e 10,4% neste ano e no próximo na América Latina, de longe o ritmo mais rápido do mundo.

O ciclo de arrocho monetário em que a maioria dos bancos centrais da América Latina, inclusive o do Brasil, embarcaram teve pouco efeito sobre as crescentes expectativas de preços, no entanto. Além dos gargalos no transporte marítimo global e custos mais altos das commodities, diz a matéria, outra questão específica para a região é a profecia autorrealizável das expectativas de que as coisas só vão piorar.

“Choques de oferta não são realmente algo que seja possível combater com política monetária”, explicou André Loes, economista-chefe para a América Latina do Morgan Stanley. “A América Latina tem um histórico de inflação mais longo do que a maioria, e isso causa um impacto relevante nas expectativas. As pessoas ainda lembram daqueles anos.” No Brasil de Jair Bolsonaro, “aqueles anos” foram há duas décadas.

Da Redação, com informações de Imprensa IBGE