Crianças yanomami são sugadas por draga de garimpo ilegal

Da Redação
16/10/2021 - 07:35
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Crianças yanomami são sugadas por draga de garimpo ilegal

Os constantes abusos do garimpo ilegal contra os povos indígenas no Brasil resultaram na morte de duas crianças da comunidade Makuxi Yano, região do Parima, que fica em Terra Indígena Yanomami, em Roraima. No Dia das Crianças, uma draga sugou dois meninos de 7 e 5 anos que estavam brincando perto da barca utilizada por garimpeiros. Uma criança ainda permanece desaparecida.

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) emitiu uma nota sobre o desaparecimento das duas crianças logo após lideranças indígenas da comunidade entrarem em contato.

Os dois meninos foram sugados pelo equipamento, que faz retirada de minérios na região do rio Uraricuera, no município de Alto Alegre. Depois, elas foram cuspidas para o meio do rio e levada pelas correntezas. O corpo de Bombeiros está na região para ajudar na busca pelos corpos.

Conforme o vice-presidente da HAY, Dario Kopenawa Yanomami, os garimpeiros exploram a região há quase seis anos e os equipamentos ficam a 300 metros da comunidade.

“A situação é grave. A draga é um problema sério na Terra Indígena Yanomami, há quase seis anos. Estamos muito tristes e revoltados com os futuros guerreiros que foram mortos”, lamenta Dario.

Invasão

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) se manifestou em relação à morte das duas crianças e ressaltou que o ocorrido é mais um triste resultado a presença do garimpo na Terra Yanomami, que segue invadida por 20 mil garimpeiros.

Conforme a APIB, até setembro de 2021, a área de floresta destruída pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami superou a marca de 3 mil hectares – um aumento de 44% em relação a dezembro de 2020. Somente na região do Parima, onde está localizada a comunidade de Macuxi Yano e uma das mais afetadas pela atividade ilegal, foi atingido um total de 118,96 hectares de floresta degradada, um aumento de 53% sobre dezembro de 2020.

Além das regiões já altamente impactadas, como Waikás, Aracaçá, e Kayanau, o garimpo avança sobre novas regiões: em Xitei e Homoxi, a atividade teve um aumento de 1000% entre dezembro e setembro de 2021.

O Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami se reuniu em setembro para trazer a voz da floresta, e já dissemos: o aumento da atividade garimpeira ilegal na Terra Indígena Yanomami está se refletindo em mais insegurança, violência, doenças, e morte para os Yanomami e Ye’kwana. As autoridades brasileiras precisam continuar atuando para proteger a Terra-Floresta, e impedir que o garimpo ilegal continue ameaçando nossas vidas”.